domingo, 6 de maio de 2012

Boi de manga (Morto, mastigado, urubuzado)

Como uma menina não tão bonita fazendo um strip tease, deve-se procurar a sensualidade própria daquela beleza (mesmo feiúra é beleza) peculiar, nunca esperar que seja tão sexy quanto a Scarlett Johansson: nunca comparar, não existe parâmetro, cada obra, cada arte, cada argumento, cada acontecimento tem seu próprio parâmetro. Eis que a destruição começa.



(Ébrios de cachaça de gengibre nos encantamos. Antes de nos olharmos e percebermos que existíamos, nos tocávamos: eu a ela, ela a mim. Assim nos casamos por um único dia e nasceu este filho bastardo, feio, sem terra, sem nação. Filho sem sexo que já nasceu morto, livre. Graças a Deus.)


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Novos Besouros em outras Praias

Ontem teve show da Besouros da Praia com a Caju Amigo no Absoluto Chopp Bar. O Absoluto é um bar bem no Centro de Floripa conhecido pelos seus happy hours ao som de pagode, sertanejo, e outros estilos que agora estão no gosto popular - quando convidávamos nossos amigos e colegas no boca-a-boca nos perguntavam: "não é aquele bar que toca pagode?" E eu respondia: "Sim. Nós estamos mudando a banda, te prepara pra escutar 'Helter Skelter' versão pagode."
Eu tava muito animado por esse show, porque era a estreia definitiva da nova fase dos Besouros da Praia. Eu sei que eu não falo por todos da banda quando digo que essa nova fase da banda significa um amadurecimento, evolução, uma melhora no discurso da banda mesmo. Colocamos no nosso repertório músicas de compositores brasileiros, como "Nada será como antes" de Milton Nascimento, "El Justiciero" d'Os Mutantes e "Mestre Jonas" dos geniais Sá, Rodrix e Guarabyra, não sei bem qual é a razão dos meus aliados de banda quando tocam essas músicas, mas pra mim significa contextualização, cantar músicas que dizem respeito a pessoas daqui, brasileiras, não por bairrismo, mas por estudo e pra fazer sentido mesmo. Quando eu vejo fotos de bandas brasileiras obviamente influenciadas por Beatles vestidas de paletó, cachecol, costeleta e guitarras de milhares de reais me faz questionar a quem eles estão comunicando, que domínio eles têm sobre o que eles estão discursando, qual é o sentido de tocar, falando da minha própria banda, "Surfin' USA" aqui no Brasil, em Florianópolis? O mais irônico é que aqui mesmo em Floripa há tantas praias que talvez sejam mais bonitas que as estadunidenses para se falar a respeito, mas mesmo assim tocamos e falamos o que Brian Wilson falou sobre as praias do país dele. A impressão que me dá é que tocamos essas músicas, hoje, a mero título de entretenimento - quando começamos a tocar Beach Boys, e falo por mim, era muito pra estudar encaminhamento de vozes, harmonia vocal, pra aprender a cantar em grupo -, mas acredito que os Besouros estão em um nível - convenhamos que eu e o André Amaral fundamos a banda, com o Juliano Maliverne da Stereotipos e o Otávio ainda em 2003, a banda tem quase 10 anos já - que podemos desejar superar o mero entretenimento, temos chão, estudo e maturidade para nos arriscarmos falar nossas próprias palavras, propor novas formas de se fazer música - ainda dentro do que fazemos.
Aliás, eu tenho a impressão de que a banda Besouros da Praia sempre teve um desejo de não ser óbvia, sempre quisemos ter um diferencial. A própria escolha do nosso repertório no começo da banda, o fato de nunca termos sido uma banda tributo aos Beatles - tem tantas por aí! -, de termos tido a audácia de tocar Beach Boys também já demonstra um esforço pra discursarmos algo a mais. As primeiras músicas que tiramos dos Beatles lembro de terem sido "Devil in her heart", o medley do lado B do Abbey Road ("Mean mr. Mustard" / "Plolythene Pan" / "She came in through the bathroom window" ), e era isso que eu sempre amei na banda - não fazíamos apenas pra agradar meninas carentes, fazíamos por nós e pela boa música.

As primeiras 4 músicas do nosso show de ontem foram cover de Beatles e Beach Boys ("Hold me tight", "Surfin' USA", "Can't buy me love" e "Help"). Temos nossos motivos de começar por essas músicas, cada canção é cantada por um integrante diferente e também, claro, pra levantar o show, fazer uma introdução cativante. A seguinte foi a lindíssima composição do André Amaral e do nosso amado Matheus Massa, que está em Cuba estudando, "Se fosse sempre madrugada". Essa é uma música que, apesar de própria, discursa ainda em consonância com essas composições das décadas de 60 e 70, sempre falei pros meus amigos que ela me lembrava o rock rural dos anos 80 daqui de Santa Catarina, como Expresso Rural. Então o pessoal que escuta essa música durante o show, imagino eu, estranha por não conhecer, mas compadece por compreender, e acaba gostando.
Depois tocamos "Come together" dos Beatles, e em seguida "Mestre Jonas". Conheci a música "Mestre Jonas" com o ator, cantor e amigo de família Ricardo Graça-Melo ainda adolescente e me encantei de imediato. Hoje eu reparo que adorei a audácia dos compositores de fazerem o texto bíblico de Jonas parecer um texto psicodélico de uma banda de rock. A sensação que me causou cantar essa música ontem foi de domínio. Me senti falando sobre alguma coisa que me pertencia, como se fosse quase minha, como se eu pensasse "Ah, essa sim eu sei cantar." Eu sempre tive essa impressão cantando nossas próprias músicas, porque, é claro, são nossas, mas notei com "Mestre Jonas" que não é bem só isso, é uma questão de dizer respeito a mim. Eu reparava em um público que estranhava a música desconhecida, mas eu os convencia de que aquilo era válido, e na minha convicção eles iam entendendo. O que quero dizer que é diferente de tocar uma música como "Twist and shout", que de imediato o público escuta, lembra, entende, sabe o que vem por vir, e dança, porque não há muito mais o que se fazer - como público leigo em uma festa qualquer - a respeito de "Twist and shout".
A próxima foi "If I fell", e meu motivo pra manter essa música no repertório é o arranjo lindo a duas vozes de Lennon e McCartney, e quando cantamos bem essa música sinto respeitando, e apoiando a boa música e a boa execução.
Então chegou um dos momentos que considerava mais críticos do nosso repertório - "Nada será como antes". Apesar de desconhecida, "Mestre Jonas" é uma música pra cima, dançante, "Nada será como antes" é mais intimista, séria e também desconhecida do nosso público padrão. No entanto, felizmente, minhas expectativas foram completamente frustradas. Dois dos integrantes da banda parceira a nossa da noite se animaram demais quando nos ouviram começar a cantar a música, e isso, claro, animou muita gente ao redor deles. Cantando Milton Nascimento eu me sinto uma pessoa um pouco mais estudada, como se tivesse um diferencial na nossa banda por ter dois integrantes graduandos em Música.
Logo depois de tocar essa lindíssima canção que fecha o disco Clube da Esquina tocamos a psicodélica "Coleção de cubos verde-mar" do André Amaral. Considero essa nossa música mais polêmica - é o arranjo mais distante dos anos 60 do nosso repertório, com guitarras distorcidas à la grunge anos 90, refrão que mistura Gorillaz e rock rural, e letra que parece não fazer sentido nenhum. Conheço gente que tem essa como música favorita, mas também já ouvi quem diga que ela "não tem nada a ver". Eu, particularmente, adoro a música.
Mais duas músicas pra animar o público - "I get around" dos Beach Boys" e "Paperback writter" dos Beatles (com o nosso final "paperback batman!") - e mais uma audácia pro nosso padrão, "El Justiciero". Tocar essa música d'Os Mutantes não é coisa fácil pr'a gente, porque tem a parte falada e com tempo mais livre, o que torna difícil a execução precisa, e o ritmo da parte mais andanda é uma espécie de um tango, ou outro ritmo latino que nós não estamos acostumados a tocar. Tudo isso torna a execução da peça bastante desafiadora, e por conseguinte faz o nosso público estranhar a escolha de repertório, faz parecer "nada a ver", pra quem talvez não conheça Os Mutantes, ou que não perceba a proximidade com o nosso repertório antigo.
Depois de "El Justiciero" nos foi avisado que só poderíamos tocar mais 3 músicas, acabamos escolhendo "Somethin" e "Happiness is a warm gun" dos Beatles, e "Jodie", composição nossa. A escolha dessas músicas foi feita muito às pressas, mas tem seu motivo - "Something" pelo fato de ser uma música que tiramos há pouco tempo, bonita, que agrada bastante o público; "Happiness is a warm gun" também por ser nova no nosso repertório, mas por ser ainda uma música difícil e de caráter diferente das outras que tocamos dos Beatles; e "Jodie" por ser nossa nova música hit, agitada, mas principalmente por ser nossa, e é uma música que funciona ao vivo desde o riff de guitarra, até o refrão, o "C" e a letra da música toda. Foi composta pelo André Amaral e pelo Bernardo Flesch, por tudo isso que a deixamos para o final
Infelizmente, acabamos não tocando a minha música "Song for Dylan" e nem nosso outro hit "O que for" do Bernardo, mas foi por uma questão de tempo.

No nosso próximo show vou insistir para darmos prioridade às nossas músicas sobre as covers, porque, para mim, já não faz mais muito sentido tocar essas músicas dos Beatles e dos Beach Boys. Não dizem muito respeito a nós, nem a nossa realidade, e não condizem com meu desejo de produzir um meio musical artístico original aqui em Floripa - no Brasil - forte. Sei bem que ao mudarmos nossa proposta o público vai mudar, diminuir, talvez, mas também se intensificar em potência. Acredito que ao mostrarmos nosso diferencial no discurso muitas pessoas vão passar a não só gostar d'a gente, mas respeitar e admirar. Sinto que quem nos admira por tocar Beatles admira, na realidade, os Beatles. Nós somos apenas o "fonógrafo", a junkbox, praticamente nos negamos como sujeitos com discurso próprio e usamos as palavras dos outros para convencer. E não só usar as palavras de outros, mas usar clichês, como se nossa pesquisa, nosso referencial, fosse imediato, superficial e óbvio. Desejo muito complexificar nosso repertório ao ponto de nem mesmo nós sabermos mais de onde tiramos nossas ideias, para termos a impressão de que essas ideias são realmente nossa.
No entanto, sei bem que nossa dinâmica de repertório desse show foi boa - no sentido de altos e baixos, de  uma onda precisa e constante com momentos fortes, outros facos; familiares e estranhos. Harmonizamos ao ponto de, se causamos algum estranhamento, acolhemos logo com um lugar seguro. Mas, e isso é uma vontade minha e só minha, acho bom provocar estranhamento maior, porque acredito que temos os ouvidos mimados, e gostamos de termos nossas previsões atendidas, no entanto já é antigo o desejo da arte de frustrar expectativas, e eu tenho a impressão de que poucas bandas boas tem culhão para o fazer. Não quero mais que nosso público tenha opiniões claras e óbvias como "gosto/não gosto", "bom/ruim", espero, com muito carinho, provocar opiniões, que nos adjetivem com argumentos mais complexos e maduros.

Besouros da Praia

Caju Amigo

sábado, 6 de agosto de 2011

Argumento e Análise de "Song for Dylan"

1. Da harmonia e melodia

“Song for Dylan” foi escrita para ser uma música simples. Um dos meus companheiros de banda e amigos costumava reclamar que minhas músicas eram um tanto complicadas e que não o agradavam tanto - me fazia sempre ter a impressão de que minha música era “ruim” -, então escrevi “Song for Dylan” justamente para o agradar e tocarmos na Besouros da Praia. Mas ao mesmo tempo que eu queria lhe agradar, fazer uma música simples, eu não queria me anular, e deixar que a música parecesse não ser minha.
Nunca fui muito fã de Bob Dylan. Quero dizer, ele é um ótimo letrista, e até mesmo compositor no seu estilo e discurso, mas é justamente essa impressão de que a letra é mais importante que a música no Bob Dylan que nunca me agradou - não que seja ruim, mas não é isso que eu consumo em se tratando de música. Então, quis fazer nessa música uma espécie de diálogo entre eu e Bob Dylan.
Na parte “A” da música (de “I want to go to a higher place...” até “‘cause you know just where they are”) eu compus como se fosse Bob Dylan falando. A harmonia é super simples;

G Am7 G
I want to go to a higher place
G Am7 G
But sometimes is better just to stay
C G
Here comes the rain again
C G
You can’t see the stars
C G
But it doesn’t really matters
A7 D7sus4 D7
‘Cause you know just where they are


E a melodia é toda trabalhada pra sempre cair nas tônicas dos acordes. Nada demais, nada que desafie ouvidos. O que eu procurei fazer pra tornar um pouco mais interessante foi fazer as primeiras frases (“I want to go to a higher place/But sometimes is better just to stay”) em compassos de 6/4, intercalados por compassos de 4/4, mas ainda assim, nada que minha banda havia reparado até eu dizer que era assim.
A parte B (“Here comes the rain again”) serve pra firmar ainda mais a tonalidade de G, a melodia explora melhor as notas da escala e o A7#, seguido do D7sus4 e D7 é uma espécide de CODA para provocar os ouvidos a procurarem as resoluções em G.
Após isso se repetem o A, com outra letra e o B:

Just two things seems too much little
But there’s people still afraid of beetles

Após a reexposição dos temas eu apresento um material novo, mais complexo, denso, o que eu diria para o Bob Dylan.

Bm Em Gm F#7
I know, I know...
Bm Em Gm F#7
It seems there’s nowhere else to go
Bm Em
But I don’t care
Gm A7 D7sus4 D7
I just wanna get the hell outta here


Em uma forma sonata normalmente se apresenta o primeiro tema na Tônica, e o segundo na Dominante, meu raciocínio nessa canção foi parecida. Nessa parte C eu quis desenvolver um novo tema em D e para isso comecei a nova sessão em Bm# (relativa menor) e usei o Gm (IVm, clichê de música pop), mas para não ficar óbvio que eu fui para D, eu uso a dominante de Bm e não vou para D de verdade, só uso a dominante de D pra voltar pra G, naquele mesmo raciocínio das partes anteriores de usar o V7 do V7 para valorizar a tonalidade, de forma a reapresentar os materiais antigos, e convidar o ouvinte a querer ouvir as partes A e B de novo. A melodia na parte C também é levemente mais complicada e a duas vozes, mas nada realmente de tão interessante que precise ser explicado.
Quando eu apresento A e B de novo uso as ideias rítmica e dinâmica da introdução na A, e o B para uma sessão de improviso de guitarra, para agradar os familiares com a forma canção no rock n’ roll. Depois do improviso apresento o C novamente, dessa vez extendido e finalizo a música.


2. Da letra e Conclusão

I want to go to a higher place
But sometimes is better just to stay

Here comes the rain again
You can’t see the stars
But it doesn’t really matters
‘Cause you know just where they are

Just two things seems too much little
But there’s people still afraid of beetles

I know, I know...
It seems there’s nowhere else to go
But I don’t care I just wanna get the hel outta here

You know, you know
I can’t seem to be full
But baloons pop when you less expect


A letra dessa canção fala sobre compor e de como eu quero ir além na música, eu quero explorar e não mais ficar nesse óbvio tão agradável, mas que o óbvio é agradável isso ele é.
“I want to go to go to a higher place/But sometimes is better just to stay” fala isso: eu quero fazer mais da música! Muito mais, mas às vezes é bom ficar nesse óbvio, nessa tonalidade, nessa melodia simples, nesse agradável.
Então eu falo que alguma coisa aparentemente ruim (a chuva) vem e tapam as coisas boas (estrelas), mas que isso não deveria importar, porque nós sabemos que ali ainda está aquela coisa boa. Falo sobre como deveríamos brincar de desconstruir os clichês, porque os clichês ainda vão fazer parte daquilo que desconstruimos. O que quero dizer com isso é que eu não vou começar a compor música serial, eletroacústica aleatória, mas que eu quero desenvolver a música pop, assim como os Beatles fizeram!
E é isso que eu falo no segundo A: que duas coisinhas (só dois acordes, duas notas na melodia, nesse caso) me parece pouca coisa, e que ainda, 50 anos depois, nós ainda nos surpreendemos (nos assustamos) com os Beatles, com os absurdos que eles desenvolveram. Minha crítica vai ao ponto de que nos surpreende ainda não so por causa da qualidade do trabalho, mas por nossa covardia de não querer sair do lugar hoje em dia. O rock brasileiro é pobre demais de desenvolvimento conceitual e intelectual, de imediato consigo falar de apenas duas bandas que fizeram um trabalho aqui que eu consigo fazer uma comparação com o que se fazia no exterior e que desenvolveu tão bem o seu trabalho quanto outras bandas internacionais o faziam na mesma época: Mutantes e Titãs.
Em “I know, I know...” é como se eu estivesse me desculpando, me esquivando. Eu sei que parece que não tem mais pra onde ir, mas eu não quero ficar aqui! Nessa obveidade, nesse agradável. Acredito que a música é capaz de nos provocar infinitas sensações, mas somos preguiçosos e as consumimos por um único filtro dualista: gosto/não gosto; ou bom/ruim para os julgadores. Mas eu não preciso ir muito longe pra dizer que a música também pode causar alegria, vontade de dançar, nostalgia, tristeza, vontade de deitar, refletir sobre a vida, vontade de rir, gargalhar; o que eu proponho, e nem é mais uma proposta tão contemporânea, a sensação de estranhamento, como quem vê um filme de terror, não se gosta de um filme de terror por ele ser agradável, não é mesmo. O que quero dizer é que não se pode escutar Björk com o mesmo ouvido que se escuta Skank; Mutantes com o mesmo ouvido que se escuta Hermits & Hermits; Stockhausen com o mesmo ouvido que se escuta Philipm Glass; e assim por diante. Devemos filtrar - ou melhor, nos livrarmos dos filtros - de acordo com cada proposta da experiência, como andar de skate e de rollerblade vão ser diferente entre si, apesar de pertencerem a mesma grande área dos esportes radicais#.
Considero importante que uma música, ou ao menos um artista, que tenha o que dizer, que quando perguntado “como você compõe?” ele não responda somente “Bem, eu pego o violão, aí encadeio acordes que acho que podem ficar bonitos e vou cantando alguma coisa por cima, e depois (ou antes) faço uma letra que faça a música ficar ainda mais bonita.” Não que não deva existir isso, mas acho pobre, eu mesmo compunha assim quando tinha 13, 14 anos, e acho que continuar compondo assim depois de anos é falta de maturidade, preguiça intelectual. Não que não seja justificável, música de fato é uma coisa tão agradável que nos faz querer simplesmente explorar o que agrada, mas não podemos esquecer que ela é também, ou acima de tudo, um objeto artístico, um campo de pesquisa, um objeto intelectual e acadêmico. Não é de se surpreender que a música pop no Brasil seja um assunto tão mal-explorado na academia, porque de fato ela carece de discurso, de diferencial. Por que vamos falar de Legião Urbana se haviam os Smiths e The Cure? Claro que são diferentes, mas exploram ideias parecidas, e, me arrisco a dizer, foram mais além do que a banda brasileira. Vão me dizer que a importância de se falar de Legião Urbana está na letra,ou talvez porque, como somos brasileiros, devemos dar importância ao que é daqui, mas eu discordo, e mais que brasileiro - coisa que não tenho nem escolha - sou músico, e dou importância ao que me parece ser mais importante para a música, e não para alimentar uma noção patriota e bairrista. Legião Urbana fez coisas incríveis, e prefiro à Smiths, mas acredito que a importância histórica de Legião Urbana para a história da música ao todo não é tão sigfnificante quanto a dos Smiths.
Por fim, digo que esta não é, de longe, minha música que mais gosto, mas ela tem um discurso que acho fácil de explicitar, e com ela eu gostaria de demonstrar como uma canção pode ir um pouco além de sua proposta primeira por simplesmente arriscar harmônica, ou rítmicamente, ou em qualquer outra propriedade da música, é claro. Minha proposta para os meus aliados da música, é que desenvolvamos uma arte musical no Brasil hoje, na música pop, mais complexa e interessante. Meu desejo é de desenvolver um material referência para os futuros compositores da música pop, assim como foram Buddy Holly, Beatles, Beach Boys, Jimmy Hendrix, Ramones, Queen, Michael Jackson, Nirvana, Strokes, por ordem cronológica. Não digo que esses foram os melhores, nem os mais importantes de suas épocas, mas foram dos que eu, e isso é opinião mesmo, sem fundamento criterioso, considero mais influentes hoje de suas épocas.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"... a recompensa de não existir é sempre estar presente."
Alberto Caeiro
(Fernando Pessoa)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Quero que 2011 seja o ano mais produtivo da Cereja Azul e do Moda Foca Homemade Estúdio até agora! Tou só esperando os vídeos da formatura das meninas da Moda pra terminar de montar o portifólio do Estúdio. E vou gravar pelo menos 20 músicas até Março, quero deixar mais ou menos pronto um disco só de cover e outro de músicas minhas.

O que estou gravando:

"Like a monkey in the zoo" - Daniel Johnston
"Everyday" - Buddy Holly
"Surfin'" - Beach Boys
"Rosa e o Jasmim" - Zininho

"1+1"
"Think of me"
"Em si"
"De Leioa"
"2 tangerinas"

O que mais quero gravar:
"Peggy sue" - Buddy Holly
"True love will find you in the end" - Daniel Johnston
"Trem azul" - Clube da Esquina
e mais músicas minhas, é claro.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O processo de composição, e também o momento da performance, é sempre uma espécie de devir ou alucinação psicodélica para o bom compositor; para o mal compositor é um exercício de organização de sons (e palavras) para um fim agradável.
Organização sempre subentende uma posição pré-determinada, e por isso considero bom compositor justamente o que desorganiza ou que no mínimo reorganiza. Acredito ser de extrema urgência que nos livremos do organismo e suas necessidades para produzirmos uma arte potente e alegre, precisamos desenvolver sempre novas formas de desejo, não obedecer nossas vontades.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Desfile Moda UDESC 2010

Aoi no Sakuranbo está quase pronta pra lançar um EP.

"Eu queria MPB"


"O urso e o Bilbo"


"Devir Fauno"


"Corda do coração"


"Eu tenho besouros"