quinta-feira, 26 de março de 2009

desculpa esfaRRapada e Homem-Barata

não se trata de preguiça e nem de desleixo. eu não estou procrastinando. mas fica difícil assim. eu sei que eu tenho boas idéias, sei que não sou ruim, pelo contrário, me acho bastante bom. gosto das minhas músicas, elas não são fáceis nem difíceis de se ouvir, como os Beatles foram na época deles.
há uma idéia, não sou óbvio nela.
hoje ouvi dois colegas meus tocando uma peça do Debussy para dois pianos. era linda demais. não acho que tão cedo eu vou saber ao menos como diabos ele compôs aquilo, mas não importo, nem quero tão cedo compor qualquer coisa parecida com aquilo. era lindo. esquisitíssimo, mas lindo.
eu compus algo, uma inversão em dó maior para Oboé e Cello. ficou lindo, cheio de erros, mas lindo. chamei a música de "... e ele se vê só." que fará parte da trilha sonora do Homem-Barata, um romance que estou escrevendo, segue aqui a primeira parte:

"Apesar de todos os problemas, toda aquela destruição, gente caída, morta, Jonas Aranhas insistia em ir pra faculdade estudar, pois sabia que aquilo não poderia durar para sempre. A guerra já vinha acontecendo desde Janeiro, e por mais que soubesse que a Primeira e a Segunda Guerra Mundial duraram alguns anos cada, tinha uma certa esperança - boba, talvez - de que as pessoas de poder tinham um pouquinho mais de juízo, apesar de toda a merda que já estava acontecendo.
Desde que a crise financeira começou em 2008, o mundo vem se abalando, meio desestruturado, mas insistindo em manter a forma de produção capitalista. O homem mais poderoso do mundo, Barak Obama, resistiu ao máximo que isso acontecesse, mas, com um discurso muito bem disfarçado, foi obrigado a admitir que Os Estados Unidos da América se mantêm a custo da indústria bélica, e em Janeiro de 2012 declarou guerra ao Brasil, China e outros países da América Latina e Ásia, em união com Inglaterra, Alemanha, Canadá, e esses outros países que sempre se acharam donos do mundo.
A Universidade se encontrava surpreendentemente inteira, e pouco que estava destruído havia sido mais por causa de atos vândalos do que diretamente da guerra. Apesar de estudar Psicologia, Jonas gostava de frequentas os laboratórios de biologia, ver os animais exóticos, fotografia dos animais extintos, e o que mais gostava, visitar a ala dos animais geneticamente modificados. Quando chegou lá, viu o chefe do departamento de Biologia sentado ao meio de destroços de vidros, com a cabeça entre os braços cruzados em volta do joelho, quase em posição fetal. Jonas ficou sabendo que simpatizantes da causa estadunidense haviam entrado ali e destruído tudo o possível, porque o mundo precisava que os Estados Unidos voltassem a ser a mesma potência de sempre, caso contrário estáriamos na iminência de uma revolução socialista patrocinada pela China.
Jonas, como muitos dos estudantes do mundo, estava desesperançoso, cansado de toda essa palhaçada, essa droga de briga por poder e dinheiro. Não que acreditasse em socialismo, comunismo, igualdade pra todos e essas baboseiras antiquadas, mas acha engraçado como as pessoas, que deveriam ter percebido o quanto tudo funciona muito mais harmoniosamente quando se há cooperação, compaixão, amizade, enfim, sentimentos bons uns com os outros, insisttem em passar por cima dos outros, usar os outros pra se conseguir mais dinheiro e poder. E pra quê? Ah, como ele queria saber! Vivia tão bem com sua vida tediosa de aula, mãe, pai, amigos, namoradas, festas, estudos... como podia alguém não gostar disso? Um dos grandes motivos o qual o fez optar por psicologia na vida acadêmica e profissional.
Não tendo muito o que falar para o probre e miserável professor, acenou ao homem, tentou fingir um sorriso de simpatia e se virou para ir embora. Notou enquanto voltava que haviam baratas espalhadas por ali, vivas, e apesar de todo o nojo que semrpe depositou nestes inúteis animais, foi obrigado a despejar raiva sobre uma delas. Se jogassem uma bomba aqui, elas sobreviveriam de qualquer jeito, pensou. Levantou a perna, fez força pra matar o bixo, e pisou. Tirou o pé do chão novamente, mas não havia nada ali. Até que ficou contente por não ter matado a barata, coitada não tinha nada a ver com o rolo todo, com a raiva do garoto, mas ficou irritado por nem matar uma barata ter conseguido.
Continuou seguindo seu rumo. Que rumo? Não importava, mas seguiu mesmo assim. Abaixou-se para coçar a canela, e tocou em algo volumoso por debaixo da calça. Era a maldita barata. No susto, uma das criauras critou e estapeou, e a outra mordeu a carne do gigante bípede. Só deu tempo de tirar aquele animal asqueroso da perna quando notou ao longe o clarão. O tão esperado clarão. Não que fosse um sinal de Deus, ou coisa do tipo, mas aqueles destroços voadores lhe davam uma idéia de fim. fim da guerra, fim da cidade, fim da vida, fim da preocupação. Isso o deixava muito contente, pois todo o fim deve ser seguido de um começo."

terça-feira, 17 de março de 2009

desculpa esfaRRapada - I

é uma pena - uma droga, na realidade - ter que dar pause em algo que mal quis começar, mas o estúdio da udesc ainda tá sem bolsista nos horários em que eu posso, e amanhã também vou mandar minha querida guitarra pro conserto, o que vai me atrasar até quarta que vem. espero estar errado.
mas continuo produzindo. agorinha mesmo eu estava compondo uma peça para clarinete e cello. é complicado, mas muito divertido. assim que eu terminar de baixar o Finale eu posto algumas .mid minhas aqui.

quarta-feira, 11 de março de 2009

sobre a Inspiração

é de se perceber como quase todos os pensadores famosos e respeitados parecem ter sua fonte de inspiração na tristeza. Nietzsche, por exemplo, mais pessimista que ele só um desgraçado sentado em uma cadeira elétrica, com a cabeça numa guilhotina vendo sua mulher ser estuprada, se bem que nem mulher Nietzsche teve. Freud é outro perturbado. Beethoven! aquela infância desgraçada de apanhar do pai, e quando se sente realizado como compositor, alguma alma divina decide premiá-lo com a surdez.
"Mas que humilhação, quando ao meu lado as pessoas ouviam o eco distante de uma flauta, sem que eu pudesse distingui-lo... Ou quando chamavam minha atenção para o canto de um pastor e eu incapaz de ouvi-lô! Estas circunstâncias levaram-me à beira do desespero e pensei, mais de uma vez, em por fim aos meus dias. Somente a Música me deteve! Ah, parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim."(BEETHOVEN, 1802. Testamento de Heiligenstadt)

isso tudo ao contrário do que Spinoza diz em seus estudos:
"... por tristeza entendemos o que diminui ou entrava a capacidade de pensar da alma e, por conseguinte, na medida em que a alma está triste, a sua capacidade de conhecer, isto é, a sua capacidade de agir, é diminuída ou contrariada ..." (ESPINOSA, 1973. Ética)

mas Espinosa continua dizendo que nos tornamos incapazes de pensar, porque triste nos concentramos toda nossa alma, psique, em nos livrarmos de tal tristeza. e o que todos esse pensadores e compositores tristes têm em comum é o fato de amar a vida. a maior indignação de Nietzsche era com o fato de as pessoas não saberem viver a vida e que a estavam jogando fora.

guardada as proporções o mesmo fenômeno acontece comigo. minhas melhores palavras, minahs composições favoritas são de quando estou em um estado de espírito ruim. inclusive é algo da qual minha namorada reclama bastante, por que diabos eu parei de escrever depois que me declarei e de dizer que me sinto infinitamente feliz com ela?
não sei.
e é isso que estou fazendo, criei uma série de músicas, que se juntam uma a outra, dizendo o quanto estou, ou melhor, sou feliz com ela. a primeira musica dessa série de, por enquanto, 5 músicas, fala do quanto eu me sentia sozinho antes de a conhecer. pra não ficar deprê, tentei fazer algo bem humorado. segue a letra, em inglês:

it's been a long now since I kissed a girl
it's been more long now since I was in love

I would go out tonight if knew that I'd find
someone to hold untill the morning shows up
playing Katamari
but these girls are so damn boring

it's been so long now since I kissed a girl
it's been more long now since I was in love

I did go out last night, but hell I could not find
someone to hold untill the morning shows up
watching Woody Allen
or maybe someone just to fu...


e nisso entra a segunda música que posto em n'uma outra vez.

domingo, 8 de março de 2009

O nascimento de algo que parece não querer existir.

criei esse blog para registrar os movimentos do projeto Cereja Azul.
é algo novo e antigo. quero que soe como qualquer coisa que tu já ouviu, mas não será qualquer coisa e tu vai sentir como se nunca tivesse ouvido algo assim antes.
há tempo que procuro jeitos de divulgar minha música, mas a minha incapacidade tecnológica me envergonha e sinto que minhas composições merecem mais respeito e tratamento.
eu já queria ter começado as gravações, mas só nesta Sexta-feira, dia 13 de Março, é que vou entrar em estúdio para a gravação da primeira música de 2009, porque na Sexta passada me deram o cano.
este semestre quero gravar apenas músicas inéditas pra mim, músicas que eu compus há no máximo 1 ano.
durante a semmana vou publicar aquia letra, o conceito, e alguma discussão sobre a música que quero gravar. claro que a música não ficará pronta já essa semana, mas espero ter algo para mostrar.

e que deixe começar enfim.